sábado, 11 de fevereiro de 2012

Doidão Zé!

Pois é,
tem gente muito curiosa que não pode ver uma fila e chega sapeando, perguntando e acaba entrando e entrando bem:
Um cara até muito bem vestido estava com o ouvido colado num muro onde estava colado um cartaz de teatro "Gaiola das loucas". Pedia insistentemente que os presentes na fila ou não fizessem silencio e voltava a colocar a orelha no muro.A turma de curiosos pedia a vez e ele monopolizava o buraco no muro.
Depois de muito tempo acabou concordando em dar a vez.O sortudo digo abelhudo, pregou a orelha na muro e concentrou atenção para ouvir algo o que não ocorreu. Pediu silencio e depois de tanto tentar desistiu e reclamou do cara que lhe cedera a vez:
Ô meu, tô ouvindo nada, pô! E o cara diz:
Tá assim desde ontem, Sô!!

5 comentários:

  1. Se há uma coisa que brasileiro gosta e principalmente mineiro adora é contar caso de onça. O felino sempre se dá mal, dando até pra desconfiar que seja vingança de cristão sobrevivente da violência dos imperadores romanos e seus bichos no Coliseu. Mas, que modo gostoso de vingar; sem matar o bicho, somente atribuindo a sua força um sinal de pouca inteligência. O que não é verdade, pois, todos os gatos, grandões e pequeninos são muito inteligentes, independentes, limpos e admiradores das noites de lua cheia.
    Seu Gerome, pedreiro, chega cansado do trabalho duro e daí a pouco, após o banho de bacia, está rodeado por dez filhos querendo história. E, pacientemente:
    ...Era uma vez, lá na roça, um menino muito levado, pois estava sempre fugindo para as redondezas. Um dia sem que ninguém percebesse, saiu de fininho e foi passear na mata. Ia andando, sempre olhando para trás com medo de que alguém visse sua fuga de casa.
    Já longe do vilarejo ganhou a mata e agora mais tranqüilo, ia admirando as coisas a sua volta. Nada passava despercebido; passarinho, flor, borboleta, cajuzinho do mato, grilo, ninho de rolinha com três ovinhos, tibum no rego dágua e até o barulho dos pés nas folhas secas do caminho. Quando quis atinar o juízo, descobriu que anoitecia e estava perdido.
    Sem perder a calma e controlando o medo, começou a andar para trás, tentando reconhecer o que havia visto antes, mas isso ficou difícil, pois a noite chegou rápido. Andou, andou... Para direita, para a esquerda, para frente para trás e já batia um nervosismo. Foi então que lhe veio uma grande idéia de subir numa arvore e localizar as luzes da vila. Escolheu uma de tronco grosso e alto, mas sem a copa, apenas alguns galhos secos e sem folhas. Foi subindo, subindo e quando chegou ao topo e sentou, foi engolido pelo oco do tronco indo parar num ninho fofo de folhas secas, onde, lá embaixo, um punhado de gatinhos começou a arranhar, mordiscar pensando ser a mamãe; procuravam as tetas para a refeição da noite. Era tirar uma oncinha do colo e outra já chupava o seu dedão do pé. A noite era de lua cheia e do alto, o buraco do tronco deixava ver as estrelas.
    De repente um barulho de passos sobre as folhas no chão, depois unhas raspando a casca seca do tronco...
    Era dona onça chegando. O buraco escureceu e a onça foi descendo, descendo até sentar na cabeça do menino. Pesadona, quase afunda o pescoço do moleque. Com o rabo ela tateava cada filhote e quando tocou a mão do menino, ele enrolou suavemente duas voltas do longo rabo na mão, depois segurou firme e deu um murro na bunda dela e um grito bem forte.
    O bicho soltou um miado de susto, deu um salto para fora do tronco e o menino segurando firme acabou sendo arrastado para fora da floresta e somente largou o rabo da onça quando ela passou na porta da sua casa. O encapetado entrou pela janela e deitou-se como se tivesse dormido em casa, sem que ninguém notasse sua escapadela.
    E a onça? A onça, por segurança, todos os dias, antes de voltar para os filhotes no tronco, passa primeiro na casa do menino e olha pela janela do quarto se o danado já está dormindo. Verdade.
    -E foi assim mesmo. Entrou no bico do pinto, saiu do fiofó do pato, eu ti contei um conto e você vai me contar quatro. Agora todo mundo pra dentro que eu tô com sono danado, amanhã tem mais.

    Zé Pí

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  2. Se há uma coisa que brasileiro gosta e principalmente mineiro adora é contar caso de onça. O felino sempre se dá mal, dando até pra desconfiar que seja vingança de cristão sobrevivente da violência dos imperadores romanos e seus bichos no Coliseu. Mas, que modo gostoso de vingar; sem matar o bicho, somente atribuindo a sua força um sinal de pouca inteligência. O que não é verdade, pois, todos os gatos, grandões e pequeninos são muito inteligentes, independentes, limpos e admiradores das noites de lua cheia.
    Seu Gerome, pedreiro, chega cansado do trabalho duro e daí a pouco, após o banho de bacia, está rodeado por dez filhos querendo história. E, pacientemente:
    ...Era uma vez, lá na roça, um menino muito levado, pois estava sempre fugindo para as redondezas. Um dia sem que ninguém percebesse, saiu de fininho e foi passear na mata. Ia andando, sempre olhando para trás com medo de que alguém visse sua fuga de casa.
    Já longe do vilarejo ganhou a mata e agora mais tranqüilo, ia admirando as coisas a sua volta. Nada passava despercebido; passarinho, flor, borboleta, cajuzinho do mato, grilo, ninho de rolinha com três ovinhos, tibum no rego dágua e até o barulho dos pés nas folhas secas do caminho. Quando quis atinar o juízo, descobriu que anoitecia e estava perdido.
    Sem perder a calma e controlando o medo, começou a andar para trás, tentando reconhecer o que havia visto antes, mas isso ficou difícil, pois a noite chegou rápido. Andou, andou... Para direita, para a esquerda, para frente para trás e já batia um nervosismo. Foi então que lhe veio uma grande idéia de subir numa arvore e localizar as luzes da vila. Escolheu uma de tronco grosso e alto, mas sem a copa, apenas alguns galhos secos e sem folhas. Foi subindo, subindo e quando chegou ao topo e sentou, foi engolido pelo oco do tronco indo parar num ninho fofo de folhas secas, onde, lá embaixo, um punhado de gatinhos começou a arranhar, mordiscar pensando ser a mamãe; procuravam as tetas para a refeição da noite. Era tirar uma oncinha do colo e outra já chupava o seu dedão do pé. A noite era de lua cheia e do alto, o buraco do tronco deixava ver as estrelas.
    De repente um barulho de passos sobre as folhas no chão, depois unhas raspando a casca seca do tronco...
    Era dona onça chegando. O buraco escureceu e a onça foi descendo, descendo até sentar na cabeça do menino. Pesadona, quase afunda o pescoço do moleque. Com o rabo ela tateava cada filhote e quando tocou a mão do menino, ele enrolou suavemente duas voltas do longo rabo na mão, depois segurou firme e deu um murro na bunda dela e um grito bem forte.
    O bicho soltou um miado de susto, deu um salto para fora do tronco e o menino segurando firme acabou sendo arrastado para fora da floresta e somente largou o rabo da onça quando ela passou na porta da sua casa. O encapetado entrou pela janela e deitou-se como se tivesse dormido em casa, sem que ninguém notasse sua escapadela.
    E a onça? A onça, por segurança, todos os dias, antes de voltar para os filhotes no tronco, passa primeiro na casa do menino e olha pela janela do quarto se o danado já está dormindo. Verdade.
    -E foi assim mesmo. Entrou no bico do pinto, saiu do fiofó do pato, eu ti contei um conto e você vai me contar quatro. Agora todo mundo pra dentro que eu tô com sono danado, amanhã tem mais.

    Zé Pí

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  3. O Recenseamento
    Zé Pí

    Eu fazia o recenseamento rural de 1970 e visitava todas as propriedades do entorno de Curvelo e principalmente a região de Agueretá. Todo o dia descia do ônibus e com o mapinha do IBGE nas mãos, tome caminhada por estradas vicinais, caminhos de gado, travessia de grotões e mato fechado para se chegar às sedes das fazendas e sítios.
    Inicialmente, na sola da botina de pregos torturadores, depois na bicicleta do Toco. E era um trabalho aparentemente fácil, preenchimento de formulários mas, era uma via crucis ir de um logradouro a outro.
    Numa dessas aventuras, eu atravessava um pasto e um tourinho bravo, escondido entre as árvores, me aparece bufando como se me dissesse: Dê o fora, eu não quero ser recenseado. Eu não questionei, disparei numa carreira louca e quase me rasgo debaixo da cerca de arame farpado.
    Um vaqueiro que assistira a cena, conteve o riso por caridade e veio ao meu encontro já com uma pequena vara desgalhada e raspada numa das extremidades. Cumprimentamo-nos como sempre minha mãe recomendava e, com muito jeito, para não me humilhar, sugeriu que eu podia passar no meio de uma boiada, sem nenhum problema, desde que carregasse no ombro aquela varinha muito temida pelos animais e isto se aplicava também aos cachorros, bodes e gansos de terreiro.
    Foi exatamente desse jeito que as coisas foram acontecendo e eu com aquela varinha mágica, determinava onde eu queria passar e se alguém teve de sair da frente correndo, certamente foram eles os bois e as vacas paridas, metidos a valentões.
    Fiz meu trabalho e foram os dez salários mínimos mais bem ganhos na minha juventude. Umas mudas de roupas novas, botas de solado a ponto, feitas por Seu Tininho e durante um bom tempo, dez bocas irmãs tiveram paz no espírito e no estômago, pois, como fala o provérbio, no lar onde que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão.

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  4. Pezão 44

    Ela caminhava apressada e parecia, como parece a todas elas, ter a exata noção de horários. Pois bem, essa sabia que era quase hora do recreio e a sua pressa tinha razão de ser, pois centenas de sapatos, tênis, sandálias e botinas iriam avançar, sem prestar atenção no chão em que pisam, muito menos numa pequena formiga preta. São seis patinhas velozes, cabeça, tórax e abdômen bem definidos, elegância pura.
    Desceu a rampa sem derrapar, tateando o chão com as anteninhas, caminhou firme valeta abaixo, valeta acima e, sem titubear, seguiu decidida rumo à cantina.
    Não deu outra. Tocou a sirene do recreio, eu e a formiga saímos mais cedo, eu da sala de aula e ela do buraco perto do bebedouro.
    Se eu explicasse aos curiosos o meu comportamento de observador de bichinhos...Bem, já está mais ou menos consolidado pelo mundo afora que biólogo é mesmo um sujeito meio esquisito...Continuei calado, na minha, quase abrindo os braços para proteger a formiga na sua odisséia, agora mais próxima do que nunca da terra prometida, cheia de fanicos de beiconzitos, farelo de fandangos de milho, pedacinhos de pipoquinha, paçoquinha de amendoim e até pirulito caído da boca distraída.
    Passei o recreio meditando sobre os pequeninos do planeta; micro vidas que são interrompidas sem que ninguém perceba que seu pé afobado, descuidado com formigas...
    É... A minha protegida morreu esmagada, mas de barriguinha cheia de guloseimas do recreio.
    Não sei o porquê, mas eu tenho uma simpatia pelos bichinhos, não por todos, mas a formiga preta me chamou ao coração.
    Aquele pezão 44, desengonçado, de aluno grandão do ensino médio, agora, sem que o seu dono saiba, é um pé formicida e eu sou testemunha ocular do crime.

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  5. Bicho e Gente
    Zé Pí

    Homem e bichos, ao longo da história tentam viver em harmonia; uns aprendendo com os outros e às vezes até dá certo e, tão certo que se têm uns pelos outros os mesmos sentimentos.
    Santo Francisco disse que é amor. Mesmo!
    Uns cantam para nós, outros nos encantam e outros nos amedrontam.Uns nos defendem e nos dão a própria vida.
    Assim, homem, cachorro, cavalo, gato, boi, canário, galo, golfinho, camelo,
    pato, papagaio, baleia, ganso, urubu e até peixinhos podem nos dar amor, carinho e companhia.
    Todos, ao nosso lado, até se transformam e, até feras viram mansidão e paz: Orca, serpente, tigresa; outros em amizade sincera: Elefante, chimpanzé, porco, boi, camundongo. Transporte, calor, alimento, laser e até remédios eles podem nos dar.
    Cachorro é especial. Filhotes de algumas raças trazem consigo a natureza em quatro patas, orelhas, focinho e rabo; e até um capetinha em forma de cachorro; corpo e alma, pura brincadeira, lambidas e travessura:

    - Tininha, vai, vai, pega a bolinha!
    - O filho da puta desfiou minhas meias de seda.
    - O Roque tem o capeta no couro.
    - Êbaaaa! Ganhei uma caçoinha pu...pu...pul...da.
    - Ô cacete, não morde o meu calcanhar.
    - Faça-me o favor de comer aqui! Na sala, não!
    - Tô de saco cheio, te mando para Coréia e lá você é churrasco, né?
    - Ô mãe, tira ele de cima da minha cama.
    - Me dá um cheirinho, vai Tetéia.
    - Cê mordeu a Cacá, seu viado?
    - Olha o brinquedinho que eu trouxe pra você!
    - Trepar na minha almofada, nem pensar, seu tarado!
    - Olha aqui Trovão, amanhã eu volto no primeiro avião, tá?
    - Vó, tira ele daqui, pelo amor de Deus!
    - Ô fofinha, tudo tem limite, né?
    - Manhê, ele mijou na minha mochila, não vou à escola!
    - A doutora disse que a Fina tem um zoológico de lombrigas na pança.
    - Eu quero é um cachorrão... Iguar o Coroné do Simplício.
    - O Tião foi atropelado ontem, cara!
    - Dizem que o crânio deles é pequeno e o cérebro muito grande...E dói muito!

    Se você viu um Beagle branco e marrom por aí, é da Leinha o nome dele é Jardel. Ligue para o número 2517; a dona dele tem quatro anos, não come e tem febre desde que ele saiu correndo atrás dos pombos do parque Guilherme Lage.

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